ÉDSON NEVES QUARESMA, natural do Itaú-RN, nascido a 11 de dezembro de 1939 e faleceu em São Paulo, em 05 de dezembro de 1970, foi um guerreiro brasileiro integrante da Vanguarda Popular Revolucionária, que participou da luta armada contra a ditadura militar. Morreu no contexto de sua oposição ao regime ditatorial; seu caso é investigado pela Comissão Nacional da Verdade
Nascido no dia 11
de Dezembro de 1939 em itaú , que naquela época pertencia ao município
de APODI, Rio Grande do Norte, Édson Neves Quaresma, filho de Josefa
Miranda Neves e Raimundo Agostinho Quaresma, era afro-descendente e estudou até
a quinta série do curso primário em NATAL . Em 1958, ingressou na Escola
de Aprendizes de Marinheiros, em Recife (PE), da qual saiu como grumete em
1959. Logo em seguida, foi deslocado para o Rio de Janeiro, tendo servido no Cruzador
Tamandaré , navio de guerra americano adquirido pelo governo brasileiro
em 1950. Foi tesoureiro da Associação dos Marinheiros e Fuzileiros Navais do
Brasil.
Após a deposição
de JOÃO GOULART ficou preso na ILHA DAS CABRAS , no Rio de Janeiro,
durante um ano e dois meses. Em 31 de dezembro de 1964 foi expulso da Armada. A
partir de 1965, passou a atuar na clandestinidade, vinculado ao MOVIMENTO
NACIONALISTA REVOLUCIONÁRIO (MNR), viajou para CUBA e lá recebeu
treinamento de guerrilha. Teria regressado ao Brasil em julho de 1970, já
integrado à VANGUARDA POPULAR REVOLUCIONÁRIA (VPR), um organização
de luta armada contra o governo militar
MILITÂNCIA
Édson Quaresma, foi
tesoureiro da Associação dos Marinheiros e Fuzileiros Navais do Brasil. No
entanto, com o Regime Militar em vigência, o movimento dos praças da
Marinha foram duramente reprimidos, resultando na prisão e confinamento de
Édson na ILHA DAS COBRAS (RJ), por um período de um ano e dois
meses. Em 31 de dezembro de 1964, foi expulso da Armada e, após ser libertado,
iniciou sua vida na clandestinidade. Viajou para Cuba, onde fez treinamento
militar. Regressou ao Brasil em julho de 1970, militando na VANGUARDA
POPULAR REVOLUCIOÁRIA– VPR, organização da guerrilha armada de
extrema-esquerda que combatia o regime.
Na sua trajetória
teve como companheiros de combate contra o regime um dos líderes da oposição
armada, CARLOS LAMARCA e o técnico em eletrônica YOSHITANE FULMINOU
GUERRILHA
A trajetória conhecida de Édson Quaresma na luta contra a
DIDATURA MILITAR brasileira tem relação estreita com seu companheiro de
luta e coordenador da VPR, Yoshitane Fujimori. Nos laudos e relatos disponíveis
para consulta relativos ao período no qual atuou como opositor do regime
militar, encontram-se em sua grande maioria relatos do momento da sua morte, no
qual se encontrava em companhia do seu companheiro de luta Fujimori
MORTE
Consta nos relatos
da CEMP que, "No dia 05 de dezembro de 1970[ Édson Neves Quaresma e Yoshitane
Fujimori, militantes da Vanguarda Popular Revolucionária, trafegavam de carro
pela Praça Santa Rita de Cássia , na capital paulista, quando foram
interceptados por uma patrulha do DOI-CODI . Os fatos foram relatados
à Comissão Especial sobre os Mortos e Desaparecxidos Políticos (CEMDP)
por Ivan Akselrud de Seixas, que por sua vez colheu depoimento, na época, de um
motorista de táxi que presenciara o ocorrido. O taxista descreveu, detalhadamente,
que Fujimori caiu no meio da praça e Quaresma numa rua de acesso, sendo
carregado por dois policiais e agredido na Praça até a morte. Fujimori chegou
com vida ao DOI-CODI/SP, fato declarado a Ivan pelos policiais Dirceu Gravina e
“Oberdan” durante seu interrogatório naquela unidade de repressão política, em
1971" e ainda "A patrulha metralhou o carro, ferindo
Édson e Fujimori. Édson, mesmo ferido, tentou correr, sendo alcançado pelos
policiais e assassinado cruelmente. Um dos agentes segurou-lhe um dos braços e
outro policial, segurando o outro braço, pisou violentamente na sua garganta,
matando-o. Fujimore foi assassinado com um tiro na cabeça. Édson foi sepultado
como indigente, no Cemitério de Vila Formosa com o nome de Celso Silva
Alves"
No DOSSIÊ DOS
MORTOS E DESAPARECIDOS POLÍTICOS A PARTIR DE 1964, publicado pelo Governo de
Pernambuco, constam algumas informações adicionais sobre a morte Édson e Yoshitane.
Como um documento que consta no arquivo do DOPS/RJ, no qual um informante
descrevia em seu depoimento que cita os nomes falsos de Édson e Yoshitane e
acrescenta: “Cinco terroristas presos foram levados ao Instituto Médico
Legal para reconhecimento dos dois terroristas mortos. Os cinco foram unânimes
em reconhecer Yoshitame Fujimore no cadáver de ‘Akira Kojima’; mas não souberam
dizer quem era o mulato ‘Celso Silva Alves’ que o acompanhava e com ele morreu
trocando tiros com a polícia. O mulato foi enterrado com nome falso.”
CIRCUNSTANCIAS DA MORTE
De acordo com os
relatórios da Comissão Especial sobre Mortos e Desaparecidos a morte
de Édson Quaresma e Yoshitane Fujimori teria ocorrido da necessidade de manter
sob sigilo a identidade do agente infiltrado, cabo José Anselmo dos Santos,
mais conhecido como cabo Anselmo, que teve papel importante como informante da
inteligência do Regime Militar. Em depoimento prestado pelo cabo ao DOPS -
localizado nos arquivos secretos do departamento policial - explica que
Quaresma tinha retornado de Cuba ao Brasil com a missão de preparar a chegada
do próprio Anselmo. No voto da relatora Suzana Keniger Lisboa do processo junto
à Comissão Especial sobre Mortos e Desaparecidos 9cemdp existem
referências à possibilidade de que a eliminação sumária desses dois militantes
- Édson e Fujimori - de elevada importância na estrutura da VPR, tenha nexo com
a necessidade de manter sob segredo a atuação infiltrada do cabo Anselmo.
A CEMDP encaminhou
os documentos relativos à morte de Fujimori para laudo do perito Celso Nenevê,
que produziu uma prova importante utilizada pela relatora do processo, Suzana
Keniger Lisboa. Analisando a trajetória dos tiros, o
perito teria concluído que três dos quatro projéteis que penetraram na face
direita foram dados com o corpo de Fujimori em posição inferior, ou seja, caído
ou deitado. Por maioria de votos, a CEMDP considerou que Édson e Yoshitane
foram executados sob a guarda do Estado. Os processos dos dois opositores foram
relatados em conjunto, mas as discussões foram feitas em separado, resultando
em votações diferenciadas.
Ambos foram
sepultados como indigentes no Cemitério de Vila Formosa , Édson Quaresma,
sob nome falso. Os laudos de necropsia foram assinados por Harry Shibata médico
legista brasileiro, conhecido por forjar laudos médicos em prol do Regime, e
Armando Canger Rodrigues. A solicitação de exame necroscópico de Quaresma foi
feita pelo delegado do DOPS, Alcides Cintra Bueno Filho. Inclusive, consta
nessa solicitação a profissão do morto, terrorista. De acordo com
os procedimentos legais, o corpo deveria ter sido fotografado de frente e
perfil. Mas não foram encontradas tais fotos de seu corpo, que teve entrada no
IML quatro horas depois do suposto horário da morte. O laudo registra que
uma das cinco balas encontradas em seu corpo atingiu as costas e as outras quatro
foram disparadas na cabeça, uma na região auricular direita. A relatora
argumentou, em seu parecer, que era praticamente impossível uma pessoa morrer
em tiroteio com quatro tiros na cabeça
Em janeiro de 1997,
a Comissão de Mortos e Desaparecidos Políticos do Ministério da Justiça aprovou
indenização às famílias de Édson Neves Quaresma e Yoshitane Fujimori, mortos em
São Paulo em 1970
HOMENAGENS
Em 2017, três
cemitérios de São Paulo ganharam placas para homenagear as vítimas da Ditadura
Militar que foram sepultadas nos cemitérios municipais da cidade entre os anos de
1969 e 1979. Além dos nomes nas placas, houve também o plantio de árvores de
Ipês nesses lugares.
O primeiro a
receber a homenagem foi o Cemitério Dom Bosco, seguido do de Campo Grande e,
por fim, o de Vila Formosa. O projeto, que contemplou o nome de Édson Neves
Quaremas, foi uma parceria entre três secretarias: a de Direitos Humanos e
Cidadania (SMDHC), a do Verde e Meio Ambiente (SVMA) e a do Serviço Funerário
do Município de São Paulo (SFMSP)
FONTE - WIKIPÉDIA